Meu Canto do Pátio

Prisão lotada. Detentos no pátio. E eu no meu canto.

Regrite Aguda

Published by Juliana Cintra under on 15:46:00
O ato de viver nos leva às regras. Crescemos com elas em casa e na rua. Em qualquer relacionamento há regras; também quando se vive só, criam-se as próprias. Temos normas na época de aula e as mesmas se prolongam até as férias. Nosso dia-a-dia é movido por elas para um funcionamento eficaz.
Talvez por isso, a liberdade, tão complexa e inapalpável, me é um desafio. Tento achar uma maneira de encontrá-la e talvez a escrita fosse o momento em que eu acreditasse possuí-la. Engano meu. Somos criados em nossas escolas de modo a seguirmos regras – é claro – a todo tempo, inclusive em uma redação. Fornecem-nos tema, papel, caneta e tempo. Desde crianças somos induzidos à falta de imaginação, à falta de pensamento crítico e às portas do tão temido senso comum.
Muitas vezes as escolas têm como resultado o oposto de seu objetivo (ou não): criam autômatos, jovens com bloqueio criativo. Seres que conduzem perfeitamente um cálculo matemático e vivem a vida mesmo com uma ciência exata. Isso tudo se reflete em homens fracos, repetitivos e que não somam, apenas se juntam a esse exército manipulado, fadado à indiferença eterna, criado pela sociedade contemporânea.
Regras demais impõem limites exagerados, nos fazem andar entre certos espaços, fazendo-nos ir onde já há gente. Revolucionar não é tão simples assim.

Altruísmo? Ou seria uma venda nos olhos?

Published by Juliana Cintra under on 15:02:00
Virou moda agora ajudar o Tibete a se tornar um país, a pensar no que está lá do outro lado do oceano. É socialmente bem visto aquele que constrói uma ONG apoiando a África ou buscando salvar as crianças das bombas que eclodem nos territórios islâmicos. Os ricos, ao investirem no "SOS Mundo" investem, na verdade, em si mesmos, já que isso é denominada "bom samaritanismo" ou "pensamento amplo da sociedade". Barato e pobre é participar da coleta seletiva que o seu prédio promove todo ano, esta mesmo que ajudaria no desenvolvimento do país como um todo, criando empregos, reaproveitando matéria-prima. Barato é abrir as janelas do seu quarto e olhar para o mendigo que toda noite dorme em sua rua. Pois é, a fome que mata milhares de crianças africanas é a mesma que mata seu "vizinho" aí de baixo. A dor é a mesma, a falta de investimentos, a mesma. O cantor Zeca Baleiro, em entrevista à revista IstoÉ, afirma que não é preciso ir longe para ajudar e concordo com isso. O Brasil grita por socorro a cada dia, mas o que fazer se nós mesmos não o escutamos? Não há maior incoerência que não cuidar do seu núcleo para depois pensar no que há fora; esconder de si mesmo as intermináveis sujeiras de seu quarto embaixo de sua própria cama e se preocupar com todo o resto da casa. Estamos fechando os olhos para o nosso próprio Brasil. Diferente do Tibete, somos já um país, mas que muitas vezes não age como tal. Falta união, amor à pátria, valorização do que vem da nossa terra. Já não bastasse a preferência por produtos norte-americanos, por viagens à Europa, temos agora a priorização dos problemas exteriores. Você quer acabar com a miséria? Quer maior liberdade de expressão e mudanças? Quer o fim do preconceito contra os negros? Dê uma voltinha pelo seu quarteirão...