Meu Canto do Pátio

Prisão lotada. Detentos no pátio. E eu no meu canto.

O Abismo por Detrás do Horizonte

Published by Juliana Cintra under on 17:49:00
Com a inserção do capitalismo em nossas vidas através de infindáveis desenvolvimento tecnológicos, nada mais natural do que adequarmos nossas posturas e visões de acordo com esse mundo contemporâneo, que preza por muito profissionalismo e seriedade quando se refere a trabalho; trabalho este que ultrapassa as rotinas dos escritórios e se estende em 25 horas diárias.
Através de análises comportamentais, cotidianos regrados e muita, muita informação, nascem seres - humanos? - que, em pleno século XXI, no "auge da civilização", começam a retroceder a um primitivismo que anda disfarçado pelas ruas da capital. O humano perde todo seu humanismo, e a palavra prolixidade some de todo e qualquer vocabulário sem ao menos ser conhecida. Aprende-se a falar o necessário, somente o necessário. Essa frieza se reflete em uma grande perda de vínculos, na criação de pessoas isentas às sensações e aos pequenos prazeres da vida.
Desde os primórdios, o homem age muitas vezes de maneira a tornar irreconhecível sua capacidade de raciocínio; bem confude-se em suas contradições retratadas com perfeição em períodos históricos como os campos de concentração nazistas e as bombas nucleares da Segunda Guerra. Ao que me parece, porém, inicia-se um novo movimento, uma nova forma de destruição, dessa vez a si próprio: há uma tendência irreversível ao isolamento. Desenvolveu-se uma nova habilidade, tornou-se possível viver sem que haja uma vida relacionada a sua. O trabalho é, para sempre, prioridade. Não há mais família; ela perdeu o seu valor.
O filme "Na Natureza Selvagem" nos passa a idéia de que felicidade só é real quando compartilhada. A felicidade não se concretiza mais; ela perdeu o seu valor. O que estamos vivendo em nossa sociedade é o oposto de civilização; matamo-nos a cada dia. Não há mais vida, ela perdeu o seu valor, ainda que subliminarmente.
E somos nós os culpados.