Meu Canto do Pátio

Prisão lotada. Detentos no pátio. E eu no meu canto.

 Penso...

Published by Juliana Cintra under on 10:30:00
Penso que a intenção é exatamente essa. Ele, em sua plena sabedoria, e me conhecendo muito bem - portanto, meus pensamentos -, enviou-me pessoas a fim de me "prender" aqui por mais tempo; ou, ao contrário, mandou-as para me mostrarem que a vida, em seu lado mascarado, pode não ser uma prisão. Sim. Demorei um pouco a perceber, mas hoje sei que a vida leva consigo muito da liberdade. E que todos temos nosso lado "vida louca vida" mas o que falta é a vontade de exercê-lo; pode ser mais cômodo continuar assim. Enforco então a possibilidade de exercer meu egoísmo. A vida me quer para usufruí-la, não para observá-la. Não mais procuro a liberdade em um utópico paraíso sem responsabilidades, o vejo agora em uma bela fuga numa tarde chuvosa para o shopping; um cinema desacompanhado; um táxi numa terça-feira; ou um ainda desconhecido passeio de ônibus. É esse o desafio: a liberdade atual é um pouco mais subjetiva, já que a repressão da sociedade a vem coibindo. Como será que a obtemos? Só sei que ao invés de tentar fugir dali, achei meu cantinho no pátio da prisão. Aí está minha liberdade. A nossa liberdade. Esta mesma que está agora submersa em nossas leituras de ELIS que nos fazem refletir sobre o que seria de nossas vidas se tivéssemos nascido anos antes. Não nascemos. Estamos aqui, "caminhando contra o vento, sem lenço e sem documento". Procurando um destino completamente oposto da grande maioria. E, amantes da facilidade que me desculpem, mas não participo desse grupo e, sim, a dificuldade agora me motiva. Como por um sinal, hoje pude sentir o quão egoísta e sem amor seria eu, se privasse minha família de possuir meu sorriso, minha lágrima. Senti por alguns aparentemente intermináveis minutos a dor da perda, o desespero... e logo depois, a maior felicidade do mundo ao ouvir "Alô? Jú? Por que você tá chorando?". A vida nos enche de dúvidas e antes mesmo de solucioná-las já vem outras e outras. Hoje entendi a presença de alguém, o laço de uma família, o amor de um irmão, o amor de uma mãe. Tapava os ouvidos para não sofrer, mas só o que ouvia eram apelos, gritos de socorro. Tenho uma missão a cumprir. Ainda não entendi o por quê da vida, mas já tenho um argumento muito forte que me faz ter vontade de continuar.

Deus existe. E Ele, definitivamente, não joga dados.

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