Meu Canto do Pátio

Prisão lotada. Detentos no pátio. E eu no meu canto.

redação manga II

Published by Juliana Cintra under on 19:34:00
Produzido no ano de 2002, o documentário “Tiros em Columbine”, de Michael Moore, instiga os olhares críticos ao tratar de assunto pouco dissertado pelo povo americano: o papel da mídia e do Governo na construção de uma sociedade moldada pela “cultura do medo”. Não deixa de ser curioso, porém, o paradoxo explícito quando há ênfase no país em questão, a potência mundial dita mais democrática e livre do mundo. De acordo com Moore, quase livre se tornou também o porte de armas nos solos norte-americanos. Democraticamente não fiscalizados. Atribui-se à utilização desordenada de armas, o desencadeamento de terríveis fatos, como o caso dos jovens estudantes americanos que entraram em sua escola, na pequena cidade de Columbine – que dá nome ao filme – , e assassinaram estudantes e um professor. A atmosfera atípica do longa se inicia nesse ponto, quando o jornalista tenta desvendar as razões por detrás do comportamento dos adolescentes. O que tenta nos provar Moore, com seu documentário, é que o grande vilão dessa trama, responsável pela inserção da tese “violência para curar a violência” na mente dos cidadãos americanos, é a Mídia.
Em “Tiros em Columbine”, Moore, um dos maiores representantes da mídia independente americana, vai atrás das informações sem receio, clareando para seu público a verdadeira versão do fato passado pela mídia manipuladora americana. O autor, entretanto, manipula à sua maneira. Através de sua estratégia argumentativa, quase se ausencia ao decorrer da história, deixando que a conclusão seja tirada pelo próprio telespectador. Mas, para isso utiliza de encenação e grandes doses de sarcasmo e ironia, influenciando consideravelmente na mensagem passada a seus leitores. Para fundamentar ainda mais a veracidade de sua tese, Moore mostra o que funciona melhor por pequenas mudanças, dando como exemplo o Canadá, onde há maior porte de armas que nos Estados Unidos e mínimos assassinatos. Em território canadense, é visível uma menor ênfase à violência por parte da mídia, ganhando espaço a cultura e a ascensão de diversos setores educacionais do país. Reforça-se, com isso, a ideia de que os programas televisivos deturpados fazem uma “lavagem cerebral” na população americana, levando-os a acreditar que há a necessidade de proteção a todo momento; de alguma maneira, até incitando os jovens a tomarem atitudes que se tornaram habituais, afinal, somente isso lhes é passado.
Fora as pieguices, foram boas as intenções do diretor. Moore faz uma consistente crítica à política do país, à facilitação do porte de armas pela população, à mídia com sua forte influência e, principalmente, à isenta atitude dos cidadãos, alienados, submissos e facilmente comprados. Para aqueles que buscam uma visão diferenciada, e possuem criticidade para tratar de maneira mais pretensiosa assuntos elementares como a violência, o documentário os apresenta uma interessante análise. O filme enriquece àqueles que terão a oportunidade de refletir sua posição nos moldes da sociedade contemporânea, e pensar numa modificação de comportamentos alheios ao coletivo, buscando real integração para desenvolvimento do país na questão social, imprescindível para um funcionamento eficaz da uma nação.

(decidi que esse blog só vai ter textos chatinhos que eu faço pro chatinho do Manga. ele é preto, não é legal, que nem o outro. então vai ficar com os chatos que eu nem gosto muito. tchau. visitem o outro =) mesmo não sendo bem-vindos.)

Published by Juliana Cintra under on 11:35:00
Sinto saudades de mim........


http://www.kawacauim.blogspot.com/

até logo...

Published by Juliana Cintra under on 15:07:00
estou presenciando uma nova fase de mim, que já nao se enquadra com esse mesmo canto da ainda existente prisão. não seria justo colocar meus novos esboços aqui. mereciam outro lugar, mas enquanto não há disposição para fazê-lo, ficam só comigo mesmo.

volto já....

Published by Juliana Cintra under on 15:54:00
Seria muito inferior ao meu poder exigir aquilo. Quase um crime. Não. Seria um completo crime. Poderia ninguém notar, mas talvez não fossem só fantasias de uma adolescente em crise. Ou em “não-crise”, vai saber. Ele sempre foi tudo aquilo que sonhei e por isso todo o resto parece-me tão menos importante. A música, a arte, a significância, a cozinha, a dominação, forte construção. Cristos e Estátuas da Liberdade que me perdoem, mas quem vence no momento não são teus braços erguidos, mas sim, aquela voz que me levanta. Voz de sabedoria, voz de tristeza, de mistério; uma voz mascarada e, certamente, inatingível.
Essa parte precisa ser reforçada, vai que assim chega a minh’ alma.
Inatingível.

O amor, em fases da vida, se torna uma válvula de escape, uma fuga da monotonia, da rotina. Aquilo do gostoso, do calafrio, da expectativa. Tudo isso carrega um poder inimaginável. Você se torna, em determinado momento, mais que suficiente, ao alcançar seu único e principal objetivo: o amor. E isso é magia. A luta até ai é que nada possui de mágico.

Mas eu agora estou com sono. E nem sei mais o que falo...
Só sei que penso nele, quase que toda hora. E é verdade essa parte.
Porque não foi pensamento, foi sentimento, portanto, o sono não afetou.
Nem vou vê-lo mais. Nem sei se quero sair final de semana.
Tchau. Boa noite.

Ele é bem humano

Published by Juliana Cintra under on 07:00:00
Uma saudade que quase se aposentou e tornou-se tão passiva. Eu, dessa vez mais seca de que de costume, volto à minha palhacice por permissão de meu excesso de lucidez. Veja só. Por pensar demais e ter controle sobre a minha vida pacata do momento, me permito brincar ao sentir que isso leva minhas relações para um nível que me agrada. Mas quando começo, isso me foge um pouco o controle. Me chateio. Na realidade, é antigo o meu direito de dizer às pessoas que estas não podem reclamar de mim, já que possuía invejável humor, exagerava nas brincadeiras e nos carinhos. Mudei. Mas levei a idéia de que esse ser seria eterno. Pobre de mim.
Agora, por reclamações de meus queridos, sinto que preciso voltar a essa antiga Juliana. Que de tão animada, amiga e carinhosa, cativava de forma quase que insuportável os ao seu redor. Agora eu que não posso mais dar tanto carinho aos outros porque já não tenho o que doar, nem para mim mesma. De uma forma ou de outra, venho gastando isso tudo com não sei o quê. Talvez seja com a escrita. Como já dizia Clarice, com quem, a cada leitura, me identifico mais (e ao mesmo tempo que isso me enche de orgulho, também me dá um medo indescritível), sou amaldiçoada pela tal escrita.
Como será que eu deveria ser: Sempre indesvendável: Gosto de coisas que não condizem. Pode ser que Manga esteja certo. Pode ser essa tal falta de ideologia que a sociedade plantou em seus jovens do século XXI. Apesar de eu realmente torcer para que não seja isso. Eu tenho uma ideologia. Ou penso que tenho. Será que há problema tão grande em gostar de Cazuza, porém me satisfazer sem limites ao cantar um Belo enquanto tomo banho: Pra mim isso não é falta de ideologia, é facilidade de satisfação. É, talvez eu esteja errada.
Estou aqui em minha casa de campo em Pedra Azul em pleno domingo de carnaval. Acho que eu queria estar, nesse momento, na Marques de Sapucaí, no Rio de Janeiro. Mas não tenho muita certeza. Gosto de dançar. Acho que assim, eu consigo tirar alguma coisa de dentro de mim, como faço quando estou escrevendo. E me custa menos. Porque me cura a insônia e, ao relembrar – no caso da leitura, reler – não me assusto comigo mesma.
Dormir tem sido uma coisa tão difícil.Talvez seja melhor eu voltar às minhas aulas de ballet. Se é que eu sou mesmo boa nisso. Queria ser. E queria saber falar inglês bem o suficiente pra me destacar naquele tal curso que eu fui inventar de fazer em julho, no meio das minhas férias de “inverno”. (Talvez seja bom. Talvez me impeça de pensar demais.) E queria ter passado na minha prova de High School, 11A. E queria tirar um 9 na redação de Manga. E queria ser boa na escola que nem minha irmã. E queria passar na USP ano que vem.
Às vezes invejo Clarice. Será que passar dessa fase é ruim mesmo como dizem os adultos: Eu às vezes acredito que não pode ser pior. Não é possível que seja normal toda essa angústia e pressão que sinto nesse momento da minha vida. Eu sei que muitos querem o que eu citei ali, mas o meu é diferente. Eu juro.
Talvez seja melhor eu voltar às minhas aulas de ballet. Ou acabar logo esse feriado pra que eu possa voltar às minhas aulas de português e ouvir o Manga falar, me proibindo de refletir sobre o assunto. É verdade, e ponto. Vou pelo mais fácil. Uma vez na vida.
Aliás... Ele é bem humano.

Published by Juliana Cintra under on 09:31:00

"Quando você pinta tinta nessa tela cinza
Quando você passa doce dessa fruta passa
Quando você entra mãe-benta amor aos pedaços
Quando você chega nega fulô boneca de pixe,flor de azeviche

Você me faz parecer menos só, menos sozinho
Você me faz parecer menos pó, menos pozinho

Quando você fala bala no meu velho oeste
Quando você dança lança flecha estilingue
Quando você olha,molha meu olho que não crê
Quando você pousa mariposa morna lisa,o sangue enxarca a camisa
Quando você diz o que ninguém diz
Quando você quer o que ninguém quis
Quando você ousa lousa pra que eu possa ser giz
Quando você arde alardeia sua teia cheia de ardis
Quando você faz a minha carne triste quase feliz

Você me faz parecer menos só, menos sozinho
Você me faz parecer menos pó, menos pozinho"


(Skap - Zeca Baleiro)

redação manga I

Published by Juliana Cintra under on 09:22:00
“Calibre doze na cara do Brasil
Idade catorze estado civil morto
Demorou, mas a sua pátria mãe gentil conseguiu realizar o aborto.”
Gabriel Pensador nos mostra, nos versos de sua canção Pátria que me pariu, as tristes consequências de um Brasil que se isenta de seus problemas. São apenas abortos adiados. Mas quem nos mostra a fria realidade são eles que não mentem, os dados. São 220 mil mulheres por ano visitando hospitais, buscando reverter os males de tentativas de aborto. O que falta aos cidadãos brasileiros é entender que a legalização do aborto não implicaria em um incentivo do mesmo, mas sim, lançaria luzes sobre algo que já ocorre a todo momento sem que haja interferência do Governo.
A classe média enche suas bocas egoístas para julgar a favelada – quem mais sofre com as consequencias, por não ter condições de fazer o procedimento de maneira correta -, que aborta pela falta de informação, que aborta o fruto de uma sociedade que evidencia suas hipócritas leis em problemas muito mais relevantes. Caso houvesse um pensamento e um diálogo mais aberto, as mulheres teriam acesso a meios de prevenção, e também, oportunidade de repensar sua atitude, tendo como base informações consistentes sobre um ato que deixa marcas, afinal o aborto não é, definitivamente, solução fácil para ninguém.
Mas não. A sociedade e o Governo preferem viver em um mundo utópico onde as leis são respeitadas, dando adeus não somente à questão social, mas também a aspecto que se tornou “descaso” de saúde pública. O Brasil simplesmente se fechou e, prefere que suas mulheres morram a cada dia por um discurso moralista religioso que se sobrepõe à toda e qualquer lógica.
Nos países que aderiram à descriminalização do aborto, foi a mobilização das próprias mulheres que resultou na mudança, porém, no Brasil, mesmo com as milhares de mortes, 64% da população ainda não concorda com a modificação da lei. Entretanto, seria condizente ouvir apenas a voz intuitiva de pessoas que opinam sem conhecimento do assunto, sem saber sobre os países, a maioria de primeiro mundo diga-se de passagem, que possuem leis menos restritivas para casos de aborto?

Altruísmo? Ou seria uma venda nos olhos? Deveríamos sim, colocar como prioridade, a legalização da educação, nesse país de pobres cegos.

conquistando a percepção

Published by Juliana Cintra under on 14:09:00
Seja lá em que acredite você ser responsável por esse troço todo aqui, esse aí, garanto, tem um mínimo de alma.
Alma e inteligência perspicaz que nos faz notar o quão o humano se fez motivado pela conquista, desde os primórdios. Ao tempo em que, como consequencia, fez medir como interessantes e escrupulosas, pessoas que se testam e motivam a cada dificuldade, humanos que correm atrás de estudos e desafios, já que estes, nada são além de lugar comum na tentativa da consolidação de desejos para o futuro; de conquistas. E assim se dá com todas as outras coisas...
Refletindo a essência humana, podemos perceber isso em relações interpessoais. Teriam os homens então, motivos para acabarem por escolher aquelas mulheres mais difíceis, as ditas maçãs do topo, senão o da conquista mais árdua e lenta? Mulheres fáceis podem ser superiores em humor, em melhor companhia e garantia de diversão, se comparadas àquelas cuja postura é mais respeitada; mas, ainda assim, eles preferem as outras... É natural então, ao fazermos uma visão crítica do aspecto, percebermos o quanto um instinto inicial e animal como o da conquista, influenciou direta e indiretamente na construção de preconceitos, e nas conjunturas e pilares da atual sociedade.
A necessidade e preferência do homem por se ter algo exclusivo, leva à mais simples e teórica tese: mulheres difíceis com você, provavelmente, com mais dificuldade receberão outros de sua espécie. E se ter uma mulher desta, tornou-se motivo para colocá-la numa estante como troféu, para mostrar aos outros parceiros o que não é fácil, mas você, por sua dita superioridade, arrancou sem muitos esforços. O homem desenvolve então o seu primeiro e mais incomodante defeito: a tal mania de tirar vantagem - instinto que se plantou, tempo depois, também nas mulheres -, a necessidade de mostrar superioridade. E nasce uma das mais básicas características do relacionamento a dois, o homem em seu papel de caçador e a mulher sendo a presa indefesa. Assim se deu, e assim deve ser. Aos olhos deles...
Para nós do sexo feminino, entretanto, essa leitura já vem mudando nos últimos 50 anos. A mulher vem criando e recriando sua postura para com a sociedade. Há agora uma necessidade por nossa parte, de mostrarmos igualdade e força.
Se por um lado os homens possuem a história e a superioridade braçal e racional ao seu lado, as mulheres vão à frente com suas percepções aguçadas e complexidade desenvolvida. Mas a deturpação de um fato tão pautado como este, e os indícios de um passo dado pelo lado das mulheres, causa uma igualdade inexistente e uma perceptível inversão de papéis.

A verdade é que nasceram para formar um. Um completo.
Dito isto, retomo a citada alma do "tal".
Homens e mulheres nasceram para se descobrirem um ao outro; no outro.

tentativa II

Published by Juliana Cintra under on 16:11:00
Irmene se sente agora como um bêbado ao se prender na cama, emagrecer e tentar vencer a si mesmo ali, no mano a mano.
Ao se ausentar do mundo, ao esquecer um amor, um amigo, um ausente. Ao não procurar saber…
Ao estar realmente distante.

Uma distância que a consome, mas rende.
Rende porque a vida começada do 0 parece-lhe muito mais produtiva.
Mas renovar - renovar de verdade, não só passando a limpo os rascunhos, mas sim pegando um novo bloco de papel - é assustador porque desafia.
Desafio maior para uma pessoa tão fraca de si, como ela.

Irmene que vive a vida assim como uma busca de perfeição.
Que vive numa correção eterna, e de planos para um futuro isento de erros.
Mas o que ela não consegue perceber, é que assim, tira-lhe também a vida.
E vive esta corrigindo um passado que, errado também era em seu curso, mas agora tão perfeito é se comparado ao presente presente, que tão mais lhe foge o controle.
São momentos bons que a adoentam, a nostalgiam a cada dia.
Uma nostalgia fraca e que não a permite viver a hora de que, daqui a uma semana, estará sentindo falta. Pensa no futuro e, assim, se limita.
Se limita induzindo sua vida a algo tão correto que chega a fazer enojar a si própria, e assim, instintivamente, querer ao lado o mais errado que consegue.
Isso intriga por dizer muito sobre o tal equilíbrio, que nós, humanos, procuramos encontrar sem saber.

Irmene reza toda noite, é inteligente, correta e bonita, mas ainda não é como quer; não consegue entender que não nasceu pra isso.
Não nasceu pra toda essa regra e é por isso a importância de tempos fugidos de casa.
De tempos em que quase se recupera, e quando está para conseguir, encontra seu refúgio, um telefonema, uma computador, e volta a prisão em que vive.
Em que pede desculpa por um comentário errado, em que se mostra submissa e, quer dizer, volta àquela vida perfeita que machuca por não existir.
É tudo falso, e ela sabe. Mas não consegue se desvincular…

Porém descobre a felicidade na distância… ao esquecer um erro, um deles.
Irmene quase esquece, por infinitos instantes, dos tempos de não-viver

Sonhos de noites de verão...

Published by Juliana Cintra under on 18:48:00


Refúgio, prestígio... Nada melhor do que a arte para nos deixar a mercê de nós mesmos.

Como uma pluma a bailarina flutua por sobre um incerto palco. Madeira por madeira construídas para trazer felicidade. Trabalho árduo, lágrimas correndo por sob seu suor, que se misturam entre dor e alegria... Recompensante. O nervosismo, ansiedade e agonia são exilados ao seus ouvidos sentirem a mais intensa música tocar, acompanhada pelo som de suas pulsações. O sentimento de realização a encontra no momento da dança em que leveza e segurança formam o mais perfeito e almejado alicerce. A arte a deixa vazia de vida por uns instantes, como uma criança que acaba de iniciar seu destino. A dança a purifica e é no palco sua mais bela viagem. Ela sente o vento que a beija os lábios enquanto gira uma doce pirueta e quase chega ao infinito que tanto tenta alcançar durante seus arabesques...

E quando se dá o dó final, a bailarina sai do palco sentindo o que a deixa mais próxima possível de seu coração...

São os sonhos de suas noites de verão.

Um por todos e todos por um!

Published by Juliana Cintra under on 12:42:00
[...] A mídia manipula a sociedade. A sociedade manipula seus filhos. E assim cria-se um círculo vicioso que machuca, destrói, mata; mas vende.
O que se vende é o glamour, o sonho, o príncipe e a princesa. Os jovens passam então passam a se ocupar com essa busca e não há tempo para o aprendizado, não há tempo para a família, não há tempo para nós mesmos.
O mundo atual nos tapa os olhos e ouvidos e nós fechamos a boca. É um de exemplo pra todos, e todos morrendo por um.

(fragmento interessante de um texto inteiramente chato feito por mim)

tentativa I

Published by Juliana Cintra under on 11:45:00
Melhor. Melhor em quê? Melhor nada. Melhor é ele. Ele que tem felicidade simples. Sono. Paz.
Paz AQUI. Como ele consegue?
Para outros, segurança, certeza; seguidas de frustração, muita frustração.
Um orgulho dado. Como ele consegue? Como ela consegue? Como todos parecem conseguir?
Melhor. Melhor em quê? Melhor em nada.
Vergonha? Não é vontade de sumir? VERGONHA.
Como pode? Dormir, sair, namorar. Ele é par. Quer casamento, quer filhos, faculdade e vai para o triângulo...
Quem foi que disse que ser ímpar é melhor? Que escrever bonito ajuda e que querer mudar do meu jeito é o certo?
Ele fala de política, beija na boca e faz sexo.
Quem foi que disse que ser difícil é certo e que não saber mentir é ser perfeito? Que ingenuidade é pureza, é belo, é belo.
Belo mesmo é ser feliz. Belo mesmo é ser de um jeito: o seu.
Quem foi que disse que quem lê muito é melhor, que quem pensa muito é melhor, que amadurecer mais rápido é a chave? Chave que leva a que? À perfeição?

Perfeição.
É bonito, é belo. Você quer, eu quero; ninguém se arrisca a tentar.
Tinha eu de conseguir...



Sobre mágicos e viris

Published by Juliana Cintra under on 15:18:00
O mundo pára e a paz se une ao perpétuo. E isso... seems so magic for me.

Como nas músicas. Como num único momento só. Como num banco de um cemitério, ou já com os joelhos por sobre a terra úmida. E o pensamento no orgulho. O orgulho, este de que tanto falo, será que dá pra sentir lá de cima? A vontade de estar perto pode ser maior. Talvez uma rosa norte passe em nossas vidas e simplesmente nos remeta à mais temida vontade de estar perto novamente. Passageira. Mas fria. Dispensa a magia...
Uma música, um beijo, sexta, Marte. Isso sim é magia. Magia é a vivência do amor nos tempos da carta de parabéns tal como Estêvão; é a algébrica e fria visão de seu fim, como Luis Alves lendo já o amor em sua carta de pêsames. Mágico é Machado de Assis nos levando à mais deliciosa fuga, ao ditar suas enebriadas palavras, que contagiam simplesmente pelo pulsar de sua escrita.Mágica é a certeza, dosada de dúvida. Mágica a recompensa e, principalmente, o reconhecimento. Mas magia mesmo eu encontro no dar orgulho. Quem dera eu, dar orgulho a quem queria...
É lá que começa, e aqui que termina.

Pelo menos enquanto falta-me coragem...

O Abismo por Detrás do Horizonte

Published by Juliana Cintra under on 17:49:00
Com a inserção do capitalismo em nossas vidas através de infindáveis desenvolvimento tecnológicos, nada mais natural do que adequarmos nossas posturas e visões de acordo com esse mundo contemporâneo, que preza por muito profissionalismo e seriedade quando se refere a trabalho; trabalho este que ultrapassa as rotinas dos escritórios e se estende em 25 horas diárias.
Através de análises comportamentais, cotidianos regrados e muita, muita informação, nascem seres - humanos? - que, em pleno século XXI, no "auge da civilização", começam a retroceder a um primitivismo que anda disfarçado pelas ruas da capital. O humano perde todo seu humanismo, e a palavra prolixidade some de todo e qualquer vocabulário sem ao menos ser conhecida. Aprende-se a falar o necessário, somente o necessário. Essa frieza se reflete em uma grande perda de vínculos, na criação de pessoas isentas às sensações e aos pequenos prazeres da vida.
Desde os primórdios, o homem age muitas vezes de maneira a tornar irreconhecível sua capacidade de raciocínio; bem confude-se em suas contradições retratadas com perfeição em períodos históricos como os campos de concentração nazistas e as bombas nucleares da Segunda Guerra. Ao que me parece, porém, inicia-se um novo movimento, uma nova forma de destruição, dessa vez a si próprio: há uma tendência irreversível ao isolamento. Desenvolveu-se uma nova habilidade, tornou-se possível viver sem que haja uma vida relacionada a sua. O trabalho é, para sempre, prioridade. Não há mais família; ela perdeu o seu valor.
O filme "Na Natureza Selvagem" nos passa a idéia de que felicidade só é real quando compartilhada. A felicidade não se concretiza mais; ela perdeu o seu valor. O que estamos vivendo em nossa sociedade é o oposto de civilização; matamo-nos a cada dia. Não há mais vida, ela perdeu o seu valor, ainda que subliminarmente.
E somos nós os culpados.

Um Espelho de Cem Olhos

Published by Juliana Cintra under on 17:34:00
Outro dia, numa curta viagem ao Rio de Janeiro, eu e amigos conversávamos sobre o “rosto” de cada parte de nosso Brasil e, ao final, percebi que havíamos deixado passar um dos componentes de uma importante região do país, meu querido estado, o Espírito Santo. Devíamos apenas tê-lo esquecido por um momento; afinal, falávamos de tantos lugares ...Nessa mesma noite, porém, ao sentarmo-nos todos para assistir ao típico jornal, perguntei: “Será que amanhã, quando eu retornar, poderei ir à praia?”. “Pergunta retórica”, afirmou um amigo, “em Vitória é verão o ano todo”. Preferi esperar pela previsão do tempo. Não demorou muito, em cinco minutos ela apareceria. São Paulo, Rio, Minas, Fortaleza ... Uberaba (!). Cadê o Espírito Santo? Aquilo me intrigou. Perguntei então, sem me dirigir a ninguém: “Por que isso?”, e meu amigo Roberto respondeu friamente: “O seu estado não faz diferença, é neutro, vocês não possuem uma identidade ... Nem ao menos um sotaque!”. Dei-me conta de que a ausência do “importante” estado na conversa de mais cedo teria sido proposital; afinal, “o Espírito Santo não possui sua face”.Nosso estado fora criado por uma bela miscigenação de diferentes povos e será que por detrás dessa rica cultura brotou algo transparente? Penso o contrário. O elo dessas diferenças criou, na verdade, uma cultura puramente única e misteriosa, que acabara criando seu próprio mosaico com a união do congo, da casaca, da moqueca capixaba, da areia preta.“É, Roberto ... Teria me precipitado se dissesse que o Espírito Santo possui uma só face. Ele possui várias, muitas ainda por mim desconhecidas, mas nem por isso inexistentes. Assim prefiro, de coração. Uma eterna busca por infinitas descobertas, uma viagem ao desconhecido, um espelho de cem olhos, que cabe a cada um interpretar da maneira que achar melhor”.

(Crônica pra trabalho escolar.)

Regrite Aguda

Published by Juliana Cintra under on 15:46:00
O ato de viver nos leva às regras. Crescemos com elas em casa e na rua. Em qualquer relacionamento há regras; também quando se vive só, criam-se as próprias. Temos normas na época de aula e as mesmas se prolongam até as férias. Nosso dia-a-dia é movido por elas para um funcionamento eficaz.
Talvez por isso, a liberdade, tão complexa e inapalpável, me é um desafio. Tento achar uma maneira de encontrá-la e talvez a escrita fosse o momento em que eu acreditasse possuí-la. Engano meu. Somos criados em nossas escolas de modo a seguirmos regras – é claro – a todo tempo, inclusive em uma redação. Fornecem-nos tema, papel, caneta e tempo. Desde crianças somos induzidos à falta de imaginação, à falta de pensamento crítico e às portas do tão temido senso comum.
Muitas vezes as escolas têm como resultado o oposto de seu objetivo (ou não): criam autômatos, jovens com bloqueio criativo. Seres que conduzem perfeitamente um cálculo matemático e vivem a vida mesmo com uma ciência exata. Isso tudo se reflete em homens fracos, repetitivos e que não somam, apenas se juntam a esse exército manipulado, fadado à indiferença eterna, criado pela sociedade contemporânea.
Regras demais impõem limites exagerados, nos fazem andar entre certos espaços, fazendo-nos ir onde já há gente. Revolucionar não é tão simples assim.

Altruísmo? Ou seria uma venda nos olhos?

Published by Juliana Cintra under on 15:02:00
Virou moda agora ajudar o Tibete a se tornar um país, a pensar no que está lá do outro lado do oceano. É socialmente bem visto aquele que constrói uma ONG apoiando a África ou buscando salvar as crianças das bombas que eclodem nos territórios islâmicos. Os ricos, ao investirem no "SOS Mundo" investem, na verdade, em si mesmos, já que isso é denominada "bom samaritanismo" ou "pensamento amplo da sociedade". Barato e pobre é participar da coleta seletiva que o seu prédio promove todo ano, esta mesmo que ajudaria no desenvolvimento do país como um todo, criando empregos, reaproveitando matéria-prima. Barato é abrir as janelas do seu quarto e olhar para o mendigo que toda noite dorme em sua rua. Pois é, a fome que mata milhares de crianças africanas é a mesma que mata seu "vizinho" aí de baixo. A dor é a mesma, a falta de investimentos, a mesma. O cantor Zeca Baleiro, em entrevista à revista IstoÉ, afirma que não é preciso ir longe para ajudar e concordo com isso. O Brasil grita por socorro a cada dia, mas o que fazer se nós mesmos não o escutamos? Não há maior incoerência que não cuidar do seu núcleo para depois pensar no que há fora; esconder de si mesmo as intermináveis sujeiras de seu quarto embaixo de sua própria cama e se preocupar com todo o resto da casa. Estamos fechando os olhos para o nosso próprio Brasil. Diferente do Tibete, somos já um país, mas que muitas vezes não age como tal. Falta união, amor à pátria, valorização do que vem da nossa terra. Já não bastasse a preferência por produtos norte-americanos, por viagens à Europa, temos agora a priorização dos problemas exteriores. Você quer acabar com a miséria? Quer maior liberdade de expressão e mudanças? Quer o fim do preconceito contra os negros? Dê uma voltinha pelo seu quarteirão...

...e eu vivo calado, como quem ouve uma sinfonia de silêncios e de luz

Published by Juliana Cintra under on 15:43:00
Desaprendi a fazer aquilo que mais apreciava em mim. Sumi com minha fuga, a solução de meus problemas. Perdi a capacidade de desabafar; de colocar pra fora, esvaziar o coração. Mas foi o mundo quem fez brotar em mim um medo que a antiga ingenuidade nunca deixou crescer. Parece que de uma hora para outra a vida me fez abrir os olhos da maneira mais difícil: me levando às quedas, me mostrando respostas que ocasionalmente estiveram na minha frente, mas que pessoas ao redor sempre tiveram o poder de impedir-me de vê-las. Sempre. A timidez nunca me foi um defeito, mas agora simplesmente desaprendi a expressar-me, travei. Guardo tudo comigo e isso me faz triste como nunca. Não explicitamente triste, mas dessa vez minha máscara, coitada, já está mais do que cansada. O sorriso já não é mais mantido com a mesma segurança e quase que perfeição de antes. Já começo a perder a pose, mas lembro-me que tenho uma imagem a zelar; imagem de menina boa, feliz, inteligente, amiga. Carrego este fardo todos os dias nas minhas costas. Sou cobrada por todos. Devo algo às pessoas, como uma cantora de sucesso deve aos seus fãs. É claro que estamos falando de magnitudes diferentes. Distante de mim está ser uma celebridade, porém por todo esse lado que mostrei aos outros, esperam muito de mim. Talvez mais do que eu mesma possa oferecer. A felicidade, tão subjetiva e inapalpável, não é constante companheira minha nem de ninguém. Não espere de um ser humano bom humor e carinho a todo tempo. A vida é feita realmente de altos e baixos. Temos chateações, e elas aumentam com pessoas diferenciadas, que não se contentam com pouco, que possuem olhar crítico. Hoje não mais consigo ver o mundo sem notar em pessoas que, espantosamente, fazem NADA. Pessoas que nada têm a acrescentar. Que não procuram as pistas, que não trilham, que desistem, porque de quê adianta ir em busca de um tesouro desconhecido? Quem vai pagar pra ver? A neutralidade - já disse e repito - oprime o ser humano. Oprime, atrasa. Quem se cala não se compromete, mas não acerta nunca. Quem se cala, se machuca por dentro. Quem se cala, não ganha respeito. Quem se cala, não transforma. Quem se cala, não faz parte. Quem se cala, não começa.


E como já diria, sabiamente, Lulu Santos em uma de suas músicas, "tudo que cala fala mais alto ao coração".
Essa foi uma de minhas mais recentes e tristes descobertas.

 Penso...

Published by Juliana Cintra under on 10:30:00
Penso que a intenção é exatamente essa. Ele, em sua plena sabedoria, e me conhecendo muito bem - portanto, meus pensamentos -, enviou-me pessoas a fim de me "prender" aqui por mais tempo; ou, ao contrário, mandou-as para me mostrarem que a vida, em seu lado mascarado, pode não ser uma prisão. Sim. Demorei um pouco a perceber, mas hoje sei que a vida leva consigo muito da liberdade. E que todos temos nosso lado "vida louca vida" mas o que falta é a vontade de exercê-lo; pode ser mais cômodo continuar assim. Enforco então a possibilidade de exercer meu egoísmo. A vida me quer para usufruí-la, não para observá-la. Não mais procuro a liberdade em um utópico paraíso sem responsabilidades, o vejo agora em uma bela fuga numa tarde chuvosa para o shopping; um cinema desacompanhado; um táxi numa terça-feira; ou um ainda desconhecido passeio de ônibus. É esse o desafio: a liberdade atual é um pouco mais subjetiva, já que a repressão da sociedade a vem coibindo. Como será que a obtemos? Só sei que ao invés de tentar fugir dali, achei meu cantinho no pátio da prisão. Aí está minha liberdade. A nossa liberdade. Esta mesma que está agora submersa em nossas leituras de ELIS que nos fazem refletir sobre o que seria de nossas vidas se tivéssemos nascido anos antes. Não nascemos. Estamos aqui, "caminhando contra o vento, sem lenço e sem documento". Procurando um destino completamente oposto da grande maioria. E, amantes da facilidade que me desculpem, mas não participo desse grupo e, sim, a dificuldade agora me motiva. Como por um sinal, hoje pude sentir o quão egoísta e sem amor seria eu, se privasse minha família de possuir meu sorriso, minha lágrima. Senti por alguns aparentemente intermináveis minutos a dor da perda, o desespero... e logo depois, a maior felicidade do mundo ao ouvir "Alô? Jú? Por que você tá chorando?". A vida nos enche de dúvidas e antes mesmo de solucioná-las já vem outras e outras. Hoje entendi a presença de alguém, o laço de uma família, o amor de um irmão, o amor de uma mãe. Tapava os ouvidos para não sofrer, mas só o que ouvia eram apelos, gritos de socorro. Tenho uma missão a cumprir. Ainda não entendi o por quê da vida, mas já tenho um argumento muito forte que me faz ter vontade de continuar.

Deus existe. E Ele, definitivamente, não joga dados.