Meu Canto do Pátio

Prisão lotada. Detentos no pátio. E eu no meu canto.

Sonhos de noites de verão...

Published by Juliana Cintra under on 18:48:00


Refúgio, prestígio... Nada melhor do que a arte para nos deixar a mercê de nós mesmos.

Como uma pluma a bailarina flutua por sobre um incerto palco. Madeira por madeira construídas para trazer felicidade. Trabalho árduo, lágrimas correndo por sob seu suor, que se misturam entre dor e alegria... Recompensante. O nervosismo, ansiedade e agonia são exilados ao seus ouvidos sentirem a mais intensa música tocar, acompanhada pelo som de suas pulsações. O sentimento de realização a encontra no momento da dança em que leveza e segurança formam o mais perfeito e almejado alicerce. A arte a deixa vazia de vida por uns instantes, como uma criança que acaba de iniciar seu destino. A dança a purifica e é no palco sua mais bela viagem. Ela sente o vento que a beija os lábios enquanto gira uma doce pirueta e quase chega ao infinito que tanto tenta alcançar durante seus arabesques...

E quando se dá o dó final, a bailarina sai do palco sentindo o que a deixa mais próxima possível de seu coração...

São os sonhos de suas noites de verão.

Um por todos e todos por um!

Published by Juliana Cintra under on 12:42:00
[...] A mídia manipula a sociedade. A sociedade manipula seus filhos. E assim cria-se um círculo vicioso que machuca, destrói, mata; mas vende.
O que se vende é o glamour, o sonho, o príncipe e a princesa. Os jovens passam então passam a se ocupar com essa busca e não há tempo para o aprendizado, não há tempo para a família, não há tempo para nós mesmos.
O mundo atual nos tapa os olhos e ouvidos e nós fechamos a boca. É um de exemplo pra todos, e todos morrendo por um.

(fragmento interessante de um texto inteiramente chato feito por mim)

tentativa I

Published by Juliana Cintra under on 11:45:00
Melhor. Melhor em quê? Melhor nada. Melhor é ele. Ele que tem felicidade simples. Sono. Paz.
Paz AQUI. Como ele consegue?
Para outros, segurança, certeza; seguidas de frustração, muita frustração.
Um orgulho dado. Como ele consegue? Como ela consegue? Como todos parecem conseguir?
Melhor. Melhor em quê? Melhor em nada.
Vergonha? Não é vontade de sumir? VERGONHA.
Como pode? Dormir, sair, namorar. Ele é par. Quer casamento, quer filhos, faculdade e vai para o triângulo...
Quem foi que disse que ser ímpar é melhor? Que escrever bonito ajuda e que querer mudar do meu jeito é o certo?
Ele fala de política, beija na boca e faz sexo.
Quem foi que disse que ser difícil é certo e que não saber mentir é ser perfeito? Que ingenuidade é pureza, é belo, é belo.
Belo mesmo é ser feliz. Belo mesmo é ser de um jeito: o seu.
Quem foi que disse que quem lê muito é melhor, que quem pensa muito é melhor, que amadurecer mais rápido é a chave? Chave que leva a que? À perfeição?

Perfeição.
É bonito, é belo. Você quer, eu quero; ninguém se arrisca a tentar.
Tinha eu de conseguir...



Sobre mágicos e viris

Published by Juliana Cintra under on 15:18:00
O mundo pára e a paz se une ao perpétuo. E isso... seems so magic for me.

Como nas músicas. Como num único momento só. Como num banco de um cemitério, ou já com os joelhos por sobre a terra úmida. E o pensamento no orgulho. O orgulho, este de que tanto falo, será que dá pra sentir lá de cima? A vontade de estar perto pode ser maior. Talvez uma rosa norte passe em nossas vidas e simplesmente nos remeta à mais temida vontade de estar perto novamente. Passageira. Mas fria. Dispensa a magia...
Uma música, um beijo, sexta, Marte. Isso sim é magia. Magia é a vivência do amor nos tempos da carta de parabéns tal como Estêvão; é a algébrica e fria visão de seu fim, como Luis Alves lendo já o amor em sua carta de pêsames. Mágico é Machado de Assis nos levando à mais deliciosa fuga, ao ditar suas enebriadas palavras, que contagiam simplesmente pelo pulsar de sua escrita.Mágica é a certeza, dosada de dúvida. Mágica a recompensa e, principalmente, o reconhecimento. Mas magia mesmo eu encontro no dar orgulho. Quem dera eu, dar orgulho a quem queria...
É lá que começa, e aqui que termina.

Pelo menos enquanto falta-me coragem...

O Abismo por Detrás do Horizonte

Published by Juliana Cintra under on 17:49:00
Com a inserção do capitalismo em nossas vidas através de infindáveis desenvolvimento tecnológicos, nada mais natural do que adequarmos nossas posturas e visões de acordo com esse mundo contemporâneo, que preza por muito profissionalismo e seriedade quando se refere a trabalho; trabalho este que ultrapassa as rotinas dos escritórios e se estende em 25 horas diárias.
Através de análises comportamentais, cotidianos regrados e muita, muita informação, nascem seres - humanos? - que, em pleno século XXI, no "auge da civilização", começam a retroceder a um primitivismo que anda disfarçado pelas ruas da capital. O humano perde todo seu humanismo, e a palavra prolixidade some de todo e qualquer vocabulário sem ao menos ser conhecida. Aprende-se a falar o necessário, somente o necessário. Essa frieza se reflete em uma grande perda de vínculos, na criação de pessoas isentas às sensações e aos pequenos prazeres da vida.
Desde os primórdios, o homem age muitas vezes de maneira a tornar irreconhecível sua capacidade de raciocínio; bem confude-se em suas contradições retratadas com perfeição em períodos históricos como os campos de concentração nazistas e as bombas nucleares da Segunda Guerra. Ao que me parece, porém, inicia-se um novo movimento, uma nova forma de destruição, dessa vez a si próprio: há uma tendência irreversível ao isolamento. Desenvolveu-se uma nova habilidade, tornou-se possível viver sem que haja uma vida relacionada a sua. O trabalho é, para sempre, prioridade. Não há mais família; ela perdeu o seu valor.
O filme "Na Natureza Selvagem" nos passa a idéia de que felicidade só é real quando compartilhada. A felicidade não se concretiza mais; ela perdeu o seu valor. O que estamos vivendo em nossa sociedade é o oposto de civilização; matamo-nos a cada dia. Não há mais vida, ela perdeu o seu valor, ainda que subliminarmente.
E somos nós os culpados.

Um Espelho de Cem Olhos

Published by Juliana Cintra under on 17:34:00
Outro dia, numa curta viagem ao Rio de Janeiro, eu e amigos conversávamos sobre o “rosto” de cada parte de nosso Brasil e, ao final, percebi que havíamos deixado passar um dos componentes de uma importante região do país, meu querido estado, o Espírito Santo. Devíamos apenas tê-lo esquecido por um momento; afinal, falávamos de tantos lugares ...Nessa mesma noite, porém, ao sentarmo-nos todos para assistir ao típico jornal, perguntei: “Será que amanhã, quando eu retornar, poderei ir à praia?”. “Pergunta retórica”, afirmou um amigo, “em Vitória é verão o ano todo”. Preferi esperar pela previsão do tempo. Não demorou muito, em cinco minutos ela apareceria. São Paulo, Rio, Minas, Fortaleza ... Uberaba (!). Cadê o Espírito Santo? Aquilo me intrigou. Perguntei então, sem me dirigir a ninguém: “Por que isso?”, e meu amigo Roberto respondeu friamente: “O seu estado não faz diferença, é neutro, vocês não possuem uma identidade ... Nem ao menos um sotaque!”. Dei-me conta de que a ausência do “importante” estado na conversa de mais cedo teria sido proposital; afinal, “o Espírito Santo não possui sua face”.Nosso estado fora criado por uma bela miscigenação de diferentes povos e será que por detrás dessa rica cultura brotou algo transparente? Penso o contrário. O elo dessas diferenças criou, na verdade, uma cultura puramente única e misteriosa, que acabara criando seu próprio mosaico com a união do congo, da casaca, da moqueca capixaba, da areia preta.“É, Roberto ... Teria me precipitado se dissesse que o Espírito Santo possui uma só face. Ele possui várias, muitas ainda por mim desconhecidas, mas nem por isso inexistentes. Assim prefiro, de coração. Uma eterna busca por infinitas descobertas, uma viagem ao desconhecido, um espelho de cem olhos, que cabe a cada um interpretar da maneira que achar melhor”.

(Crônica pra trabalho escolar.)

Regrite Aguda

Published by Juliana Cintra under on 15:46:00
O ato de viver nos leva às regras. Crescemos com elas em casa e na rua. Em qualquer relacionamento há regras; também quando se vive só, criam-se as próprias. Temos normas na época de aula e as mesmas se prolongam até as férias. Nosso dia-a-dia é movido por elas para um funcionamento eficaz.
Talvez por isso, a liberdade, tão complexa e inapalpável, me é um desafio. Tento achar uma maneira de encontrá-la e talvez a escrita fosse o momento em que eu acreditasse possuí-la. Engano meu. Somos criados em nossas escolas de modo a seguirmos regras – é claro – a todo tempo, inclusive em uma redação. Fornecem-nos tema, papel, caneta e tempo. Desde crianças somos induzidos à falta de imaginação, à falta de pensamento crítico e às portas do tão temido senso comum.
Muitas vezes as escolas têm como resultado o oposto de seu objetivo (ou não): criam autômatos, jovens com bloqueio criativo. Seres que conduzem perfeitamente um cálculo matemático e vivem a vida mesmo com uma ciência exata. Isso tudo se reflete em homens fracos, repetitivos e que não somam, apenas se juntam a esse exército manipulado, fadado à indiferença eterna, criado pela sociedade contemporânea.
Regras demais impõem limites exagerados, nos fazem andar entre certos espaços, fazendo-nos ir onde já há gente. Revolucionar não é tão simples assim.

Altruísmo? Ou seria uma venda nos olhos?

Published by Juliana Cintra under on 15:02:00
Virou moda agora ajudar o Tibete a se tornar um país, a pensar no que está lá do outro lado do oceano. É socialmente bem visto aquele que constrói uma ONG apoiando a África ou buscando salvar as crianças das bombas que eclodem nos territórios islâmicos. Os ricos, ao investirem no "SOS Mundo" investem, na verdade, em si mesmos, já que isso é denominada "bom samaritanismo" ou "pensamento amplo da sociedade". Barato e pobre é participar da coleta seletiva que o seu prédio promove todo ano, esta mesmo que ajudaria no desenvolvimento do país como um todo, criando empregos, reaproveitando matéria-prima. Barato é abrir as janelas do seu quarto e olhar para o mendigo que toda noite dorme em sua rua. Pois é, a fome que mata milhares de crianças africanas é a mesma que mata seu "vizinho" aí de baixo. A dor é a mesma, a falta de investimentos, a mesma. O cantor Zeca Baleiro, em entrevista à revista IstoÉ, afirma que não é preciso ir longe para ajudar e concordo com isso. O Brasil grita por socorro a cada dia, mas o que fazer se nós mesmos não o escutamos? Não há maior incoerência que não cuidar do seu núcleo para depois pensar no que há fora; esconder de si mesmo as intermináveis sujeiras de seu quarto embaixo de sua própria cama e se preocupar com todo o resto da casa. Estamos fechando os olhos para o nosso próprio Brasil. Diferente do Tibete, somos já um país, mas que muitas vezes não age como tal. Falta união, amor à pátria, valorização do que vem da nossa terra. Já não bastasse a preferência por produtos norte-americanos, por viagens à Europa, temos agora a priorização dos problemas exteriores. Você quer acabar com a miséria? Quer maior liberdade de expressão e mudanças? Quer o fim do preconceito contra os negros? Dê uma voltinha pelo seu quarteirão...

...e eu vivo calado, como quem ouve uma sinfonia de silêncios e de luz

Published by Juliana Cintra under on 15:43:00
Desaprendi a fazer aquilo que mais apreciava em mim. Sumi com minha fuga, a solução de meus problemas. Perdi a capacidade de desabafar; de colocar pra fora, esvaziar o coração. Mas foi o mundo quem fez brotar em mim um medo que a antiga ingenuidade nunca deixou crescer. Parece que de uma hora para outra a vida me fez abrir os olhos da maneira mais difícil: me levando às quedas, me mostrando respostas que ocasionalmente estiveram na minha frente, mas que pessoas ao redor sempre tiveram o poder de impedir-me de vê-las. Sempre. A timidez nunca me foi um defeito, mas agora simplesmente desaprendi a expressar-me, travei. Guardo tudo comigo e isso me faz triste como nunca. Não explicitamente triste, mas dessa vez minha máscara, coitada, já está mais do que cansada. O sorriso já não é mais mantido com a mesma segurança e quase que perfeição de antes. Já começo a perder a pose, mas lembro-me que tenho uma imagem a zelar; imagem de menina boa, feliz, inteligente, amiga. Carrego este fardo todos os dias nas minhas costas. Sou cobrada por todos. Devo algo às pessoas, como uma cantora de sucesso deve aos seus fãs. É claro que estamos falando de magnitudes diferentes. Distante de mim está ser uma celebridade, porém por todo esse lado que mostrei aos outros, esperam muito de mim. Talvez mais do que eu mesma possa oferecer. A felicidade, tão subjetiva e inapalpável, não é constante companheira minha nem de ninguém. Não espere de um ser humano bom humor e carinho a todo tempo. A vida é feita realmente de altos e baixos. Temos chateações, e elas aumentam com pessoas diferenciadas, que não se contentam com pouco, que possuem olhar crítico. Hoje não mais consigo ver o mundo sem notar em pessoas que, espantosamente, fazem NADA. Pessoas que nada têm a acrescentar. Que não procuram as pistas, que não trilham, que desistem, porque de quê adianta ir em busca de um tesouro desconhecido? Quem vai pagar pra ver? A neutralidade - já disse e repito - oprime o ser humano. Oprime, atrasa. Quem se cala não se compromete, mas não acerta nunca. Quem se cala, se machuca por dentro. Quem se cala, não ganha respeito. Quem se cala, não transforma. Quem se cala, não faz parte. Quem se cala, não começa.


E como já diria, sabiamente, Lulu Santos em uma de suas músicas, "tudo que cala fala mais alto ao coração".
Essa foi uma de minhas mais recentes e tristes descobertas.

 Penso...

Published by Juliana Cintra under on 10:30:00
Penso que a intenção é exatamente essa. Ele, em sua plena sabedoria, e me conhecendo muito bem - portanto, meus pensamentos -, enviou-me pessoas a fim de me "prender" aqui por mais tempo; ou, ao contrário, mandou-as para me mostrarem que a vida, em seu lado mascarado, pode não ser uma prisão. Sim. Demorei um pouco a perceber, mas hoje sei que a vida leva consigo muito da liberdade. E que todos temos nosso lado "vida louca vida" mas o que falta é a vontade de exercê-lo; pode ser mais cômodo continuar assim. Enforco então a possibilidade de exercer meu egoísmo. A vida me quer para usufruí-la, não para observá-la. Não mais procuro a liberdade em um utópico paraíso sem responsabilidades, o vejo agora em uma bela fuga numa tarde chuvosa para o shopping; um cinema desacompanhado; um táxi numa terça-feira; ou um ainda desconhecido passeio de ônibus. É esse o desafio: a liberdade atual é um pouco mais subjetiva, já que a repressão da sociedade a vem coibindo. Como será que a obtemos? Só sei que ao invés de tentar fugir dali, achei meu cantinho no pátio da prisão. Aí está minha liberdade. A nossa liberdade. Esta mesma que está agora submersa em nossas leituras de ELIS que nos fazem refletir sobre o que seria de nossas vidas se tivéssemos nascido anos antes. Não nascemos. Estamos aqui, "caminhando contra o vento, sem lenço e sem documento". Procurando um destino completamente oposto da grande maioria. E, amantes da facilidade que me desculpem, mas não participo desse grupo e, sim, a dificuldade agora me motiva. Como por um sinal, hoje pude sentir o quão egoísta e sem amor seria eu, se privasse minha família de possuir meu sorriso, minha lágrima. Senti por alguns aparentemente intermináveis minutos a dor da perda, o desespero... e logo depois, a maior felicidade do mundo ao ouvir "Alô? Jú? Por que você tá chorando?". A vida nos enche de dúvidas e antes mesmo de solucioná-las já vem outras e outras. Hoje entendi a presença de alguém, o laço de uma família, o amor de um irmão, o amor de uma mãe. Tapava os ouvidos para não sofrer, mas só o que ouvia eram apelos, gritos de socorro. Tenho uma missão a cumprir. Ainda não entendi o por quê da vida, mas já tenho um argumento muito forte que me faz ter vontade de continuar.

Deus existe. E Ele, definitivamente, não joga dados.