Meu Canto do Pátio

Prisão lotada. Detentos no pátio. E eu no meu canto.

tentativa II

Published by Juliana Cintra under on 16:11:00
Irmene se sente agora como um bêbado ao se prender na cama, emagrecer e tentar vencer a si mesmo ali, no mano a mano.
Ao se ausentar do mundo, ao esquecer um amor, um amigo, um ausente. Ao não procurar saber…
Ao estar realmente distante.

Uma distância que a consome, mas rende.
Rende porque a vida começada do 0 parece-lhe muito mais produtiva.
Mas renovar - renovar de verdade, não só passando a limpo os rascunhos, mas sim pegando um novo bloco de papel - é assustador porque desafia.
Desafio maior para uma pessoa tão fraca de si, como ela.

Irmene que vive a vida assim como uma busca de perfeição.
Que vive numa correção eterna, e de planos para um futuro isento de erros.
Mas o que ela não consegue perceber, é que assim, tira-lhe também a vida.
E vive esta corrigindo um passado que, errado também era em seu curso, mas agora tão perfeito é se comparado ao presente presente, que tão mais lhe foge o controle.
São momentos bons que a adoentam, a nostalgiam a cada dia.
Uma nostalgia fraca e que não a permite viver a hora de que, daqui a uma semana, estará sentindo falta. Pensa no futuro e, assim, se limita.
Se limita induzindo sua vida a algo tão correto que chega a fazer enojar a si própria, e assim, instintivamente, querer ao lado o mais errado que consegue.
Isso intriga por dizer muito sobre o tal equilíbrio, que nós, humanos, procuramos encontrar sem saber.

Irmene reza toda noite, é inteligente, correta e bonita, mas ainda não é como quer; não consegue entender que não nasceu pra isso.
Não nasceu pra toda essa regra e é por isso a importância de tempos fugidos de casa.
De tempos em que quase se recupera, e quando está para conseguir, encontra seu refúgio, um telefonema, uma computador, e volta a prisão em que vive.
Em que pede desculpa por um comentário errado, em que se mostra submissa e, quer dizer, volta àquela vida perfeita que machuca por não existir.
É tudo falso, e ela sabe. Mas não consegue se desvincular…

Porém descobre a felicidade na distância… ao esquecer um erro, um deles.
Irmene quase esquece, por infinitos instantes, dos tempos de não-viver

2 palpites:

Luiz Filipe disse... @ 4 de fevereiro de 2009 às 18:07

muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito bom, juh!!!
profundamente reflexivo sobre um assunto que nos atormenta (eu, particularmente), e é extremamente atual.
Tah mandando bem; continue assim ;D
bju ;*

Pedro coser disse... @ 10 de fevereiro de 2009 às 16:49

po, eu acho q eu ja vi essa irmene em algum lugar...

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