Meu Canto do Pátio

Prisão lotada. Detentos no pátio. E eu no meu canto.

redação manga I

Published by Juliana Cintra under on 09:22:00
“Calibre doze na cara do Brasil
Idade catorze estado civil morto
Demorou, mas a sua pátria mãe gentil conseguiu realizar o aborto.”
Gabriel Pensador nos mostra, nos versos de sua canção Pátria que me pariu, as tristes consequências de um Brasil que se isenta de seus problemas. São apenas abortos adiados. Mas quem nos mostra a fria realidade são eles que não mentem, os dados. São 220 mil mulheres por ano visitando hospitais, buscando reverter os males de tentativas de aborto. O que falta aos cidadãos brasileiros é entender que a legalização do aborto não implicaria em um incentivo do mesmo, mas sim, lançaria luzes sobre algo que já ocorre a todo momento sem que haja interferência do Governo.
A classe média enche suas bocas egoístas para julgar a favelada – quem mais sofre com as consequencias, por não ter condições de fazer o procedimento de maneira correta -, que aborta pela falta de informação, que aborta o fruto de uma sociedade que evidencia suas hipócritas leis em problemas muito mais relevantes. Caso houvesse um pensamento e um diálogo mais aberto, as mulheres teriam acesso a meios de prevenção, e também, oportunidade de repensar sua atitude, tendo como base informações consistentes sobre um ato que deixa marcas, afinal o aborto não é, definitivamente, solução fácil para ninguém.
Mas não. A sociedade e o Governo preferem viver em um mundo utópico onde as leis são respeitadas, dando adeus não somente à questão social, mas também a aspecto que se tornou “descaso” de saúde pública. O Brasil simplesmente se fechou e, prefere que suas mulheres morram a cada dia por um discurso moralista religioso que se sobrepõe à toda e qualquer lógica.
Nos países que aderiram à descriminalização do aborto, foi a mobilização das próprias mulheres que resultou na mudança, porém, no Brasil, mesmo com as milhares de mortes, 64% da população ainda não concorda com a modificação da lei. Entretanto, seria condizente ouvir apenas a voz intuitiva de pessoas que opinam sem conhecimento do assunto, sem saber sobre os países, a maioria de primeiro mundo diga-se de passagem, que possuem leis menos restritivas para casos de aborto?

Altruísmo? Ou seria uma venda nos olhos? Deveríamos sim, colocar como prioridade, a legalização da educação, nesse país de pobres cegos.

0 palpites:

Postar um comentário